Author name: 40diaspelaVida

Diário

24 de Fevereiro de 2018

“Eu cheguei às 8:00h e fui rezar junto ao sacrário na casa da Missão Mãos Erguidas. Estavam lá duas senhoras que tinham passado a noite em vigília de oração. Uma delas saiu a seguir, mas a Leonor Sousa veio para a rua fazer missão comigo até às 10h30. Eu admiro-a muito por ter passado a noite inteira a rezar e ainda ter forças para a seguir vir para a rua falar durante horas com as pessoas que entram na clínica dos Arcos. Abriram a porta da clínica cerca das 8h17. Antes da porta abrir tinham-se juntado ali cinco mulheres algumas com acompanhantes, à espera que a porta abrisse. Isto é o que costuma acontecer nos dias de maior movimento em que fazem abortos, às terças, quartas e quinta-feiras. A maior parte dos empregados só chega mais perto das 9h (nós ali na rua vemo-los chegarem e entrarem pela porta de serviço que fica um pouco mais acima) mas desde há um ano que a primeira empregada a chegar, que mora num prédio em frente, entra na clínica às 8h15 e vai logo abrir a porta principal para que os clientes não esperem na rua. É dos momentos mais difíceis para nós, em que temos de falar com quem lá está, e muitas vezes alguém reage mal, à frente de todos. Foi o que se passou neste dia. Uma senhora reagiu mal comigo. Quando é assim eu procuro não insistir e ir falar com as outras. Algum tempo depois de entrar essa senhora veio outra vez cá para fora e a Leonor Sousa e eu fomos de novo falar com ela. Tentámos dissuadi-la de fazer o aborto apelando à beleza que é ter um filho e à beleza do amor entre mãe e filho(a). Reagiu de novo muito mal. Apelámos ao coração dela lembrando o amor que a mãe dela deveria ter tido por ela. Aí ela desfere uma série de insultos contra a própria mae, que tinha tido 8 filhos de 8 homens e que os filhos foram criados com tantas dificuldades materiais que mais valia que a mãe os tivesse abortado. Esta atitude de dizer mal da própria mãe é rara e reflete a pertubação e dureza de coração em que esta mulher deve estar. Entretanto chegou o Afonso, éramos agora 3 na rua, e é sempre muito bom termos a companhia de um jovem. Falámos com muitas mulheres, com os homens acompanhantes. Muitos nao pararam. Uns vinham ainda para a primeira consulta, e ficaram de pensar. E nós íamos rezando os terços, que é a arma que nos aguenta ali. Perto das 11h, sobe a rua um grupo de 3 pessoas, uma jovem abraçada a um rapaz, e uma senhora que me disse depois que era a mãe dele. Eu começo a falar e eles durante algum tempo estão calados a ouvir. Digo o que sei e peço ajuda a Jesus e a Nossa Senhora, que me inspirem. Dizem então que ela já vem para abortar nesse dia, que já tinha feito a ecografia na semana passada, que estava de 7 semanas, que o rapaz e a mãe dele nao queriam que ela abortasse, mas respeitariam a decisão que ela tomasse, mas a mãe dela tinha-lhe dito para ela abortar, e ela tinha 20 anos e vivia com a mãe, além disso tinha medo de prejudicar os estudos e chumbar o ano por causa da gravidez. Eram pessoas tímidas. Durante a conversa a rapariga várias vezes chorou e continou sempre abraçada ao namorado. Percebia-se que o maior medo era o de enfrentar a mãe dela. Usei todos os argumentos de que me lembrei, que a mãe dela depois do bebé nascer mudaria logo de opinião e que se iria deliciar a ajudar a tratar dele, como todas as avós são. Tentei levá-los ao PAV, para que ouvissem as ajudas sociais que há para lhes dar, um deles até conhecia alguém que tinha sido ajudado por eles, mas não quiseram. Dei-lhes todos os nossos contatos, folhetos e dvd, e também o do PAV. Estes momentos para mim pareciam uma eternidade que não acabava, era preciso evitar que ela entrasse na clínica porque o aborto estava marcado para aquela hora. Por fim lá decidiram voltar para trás, não abortar e ter o bebé, e eu fiquei a vê-los descer a rua até os perder de vista. Foi uma enorme alegria para mim. Fui para junto do sacrário agradecer a Jesus e a Maria as suas graças que permitiram salvar este bebé. Mas peço a todos ainda orações por este bebé, por esta mãe, por este pai e avós, porque a rapariga ainda vai ter de enfrentar a sua mãe, a pressão sobre ela vai ser muito grande, e até às 10 semanas ainda pode abortar. Nesta quinta-feira ainda tivemos Eucaristia às 13h no oratório da Missão Mãos Erguidas. Louvado seja Deus.Paulo Freire”

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22 e 23 de Fevereiro de 2018

“Dia 22 de Fevereiro, turno das 15h.Cheguei por volta das 15h à Missão das Mãos Erguidas, entrei no Oratório que estava cheio, sobrava apenas um lugar. A média de idades (sem contar com a Eternidade de Nosso Senhor) rondava certamente os 50 ou 60 anos, só os meus 22 contribuíam para diminuí-la! No entanto, no fim daquela primeira oração, após duas senhoras terem saído, percebi que era o mais velho de todos! Fiquei só com Lúcia, Jacinta e Francisco_ou, pelo menos, com três Santos devotos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria que, à semelhança dos videntes de Fátima, reparavam todos os pecados cometidos que “tanto entristecem Nosso Senhor!” Os _três pastorinhos que ali enriqueceram a minha vontade de rezar e reparar dos crimes cometidos no outro lado da rua, ensinaram-me o poder da oração de tantos Santos e Religiosos por todo o mundo. Na sociedade actual, a urgência de agir e fazer coisas (ainda que boas!) revelam por vezes a nossa fraca Fé no poder infinito de Deus,por intercessão de Maria, que tudo concede aos que se humilham, aos que se fazem como crianças pois “delas é o reino dos Céus”. Lúcia, Jacinta e Francisco, como lhes chamo por não saber os seus verdadeiros nomes, sofrem como verdadeiros meninos os horrores do nosso mundo! Mas quando se aproxima a hora de ir embora, não lhes faltam os cânticos a Nossa Senhora e de louvor a Deus! Lúcia, no entanto, relembra: “Não podemos cantar muito porque estamos na Quaresma!” E assim terminamos as últimas orações pedindo pelo Santo Padre, o Papa Francisco!”Henrique Laurentino “Que belo dia o de ontem! Não estava contente com o ter de ‘faltar’ ao meu turno mas pensei que iria depois no final da tarde… e afinal era mesmo preciso que fosse a essa hora para poder abrir a porta a 2 novos missionários! Que alegria as desordens dos nossos dias terem uma nova ordem vinda do Alto e tão mais certinha. Que alegria termos novos missionários em resposta às nossas orações. QUE MARAVILHA AS NOSSAS ORAÇÕES SEREM OUVIDAS TÃO PRONTAMENTE! Ontem uma rapariga desistiu de fazer um aborto. Graças a Deus! Rezaremos agora ainda com mais esperança de salvar bebés, mães e famílias inteiras! A oração foi um tempo de graça especial, agradecendo a vida poupada, a companhia na oração (com o mimo especial de me ‘calhar’ a leitura da Transfiguração de Jesus no Monte Tabor que tanto gosto) e esperando também o nascimento do meu sobrinho que acabou por nascer perto das 22h. Que dia bom!! Obrigada Querido Jesus por tanto Amor que nos dás quando paramos para o receber! Obrigada pelo dom da Vida!” Teresa Pinto Coelho   “O dia de hoje foi verdadeiramente especial. Fez-me pensar como melhor o descrever de modo a captar aquela alegria que vivi e cheguei a conclusão que a verdadeira felicidade é aquela que é simples e chega a nós humilde e inesperada. Hoje cheguei às Mãos Erguidas as 09:30, estava tudo fechado e comecei a rezar o terço. Procurava estar sempre ao sol devido ao frio e até ia trocando de mão o terço de modo a não congelar uma das mãos. Estava frio e desagradável, mas eu estava contente porque estava ali a fazer algo bem maior do que eu, nada me podia perturbar fora o desgosto de ver tanta gente a entrar na ‘clínica’. O sol fez com que começasse a porta da mesma a minha oração, o que me fez estar em maior proximidade com todas aquelas mães, acompanhadas pelas mais diversas companhias, muitas vezes indiferentes que vinham cá para fora fumar e falar ao telemóvel. “Perdoai-lhes Senhor porque não sabem o que fazem” era a frase que me vinha à cabeça, tanto para as mães como quem supostamente lhes vinha dar apoio. Tudo aquilo me partia o coração e com o movimento do sol também me movimentava eu e acabei à porta da Missão. Rezei todos os mistérios, pedindo sempre pelo mesmo: primeiro pelas crianças, depois pelas mães, pais, famílias, profissionais de saúde e todos aqueles que directa ou indirectamente estavam relacionados com o aborto. Como não tinha o terço de Raquel que gosto de rezar porque a porta ainda estava fechada dizia simplesmente antes de cada Ave Maria: “Senhor, salvai estas crianças, estas mães e estas famílias”. Entretanto veio o Paulo Freire Moreira abrir-me a porta e rezou uma dezena comigo. Disse-lhe que esta manhã já tinha visto perto de 20 senhoras a entrar ou a sair dali, dado que algumas delas entraram antes de eu chegar, um desastre e uma realidade que me partia o coração. Estava praticamente a ir-me embora, vinham-me substituir perto do meio dia e meio quando uma senhora saiu da clínica e veio ter comigo à porta da Missão. Olhou para os cartazes e para Nossa Senhora e perguntou-me o que fazíamos, contei-lhe, e se podia entrar. Mostrei-lhe a capela e o espaço e falámos. Tem 23 anos, a mesma idade do que eu, está grávida do primeiro filho, tem o aborto marcado para quinta-feira, mas não quer abortar. Abriu-me o seu coração e disse que sim, não seria fácil e que o próprio namorado quer o aborto, mas que tem uma vida dentro de si e que não acha correcto, que o filho não tem culpa nenhuma. Tudo aquilo me toca e tudo o que ela diz é aquilo que está certo. Na humildade desta filha de Deus estão todas as palavras que querem ser escondidas de quem vai abortar, ela precisa de apoio e eu falo sobre tudo o que consigo, concordo incessantemente com ela em tudo e sorrio quando ela me pergunta várias vezes, quase retoricamente: “Entende?”. Sim meu Deus, entendo o que queres de mim, porque “sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo os mais pequeninos, a mim o fizeste.”. A criança está de 6 semanas, pergunto-lhe: “Tem ginecologista?”, responde que não, “E quer um agora?”, pergunto de volta. Liguei logo para o meu

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16 de Fevereiro de 2018

Terceiro de 40 dias de oração pela vida Ficam hoje os testemunhos de duas pessoas que estiveram a rezar connosco na sexta-feira: “Comecei o meu dia de ontem a chegar às Mãos Erguidas às 11. Não consegui chegar mais cedo e não queria, de todo, saber que não tinha estado ninguém durante a manhã. Cheguei e preparei-me para rezar o terço e eis que chega o meu amigo Manuel Abrantes, sempre sorridente, que me acompanhou até ao meio dia. Ficaria até à uma na esperança de conseguir ir almoçar e voltar para cobrir o turno das duas mas eis que surge o Francisco Pinto Coelho que ficou até à uma. Consegui ir almoçar e voltei às duas, tendo rezado o Terço de Raquel uma vez mais até às três, hora em que chegaram os meus queridos amigos Pedro Palhavã e Leonor Rebelo. Vim para casa de coração cheio porque experienciei a verdadeira força na luta pela Vida!! Nunca deixaria a Missão sem ninguém, mesmo que fosse o único acompanhado por Deus naquele local, mas a realidade é que, mesmo sem eu esperar, preso pelos dados das inscrições que me diziam que mais ninguém viria, eis que apareceram as almas mais caridosas para lutar comigo, sempre sorrindo e com o coração cheio, tal como eu. Mais tarde fiquei ainda mais feliz por saber que a tarde esteve cheia, chegando mesmo a ter oito pessoas na capela a rezar. Acabei o dia sentindo-me abençoado! Seja a rezar cá fora a aproveitar o Sol da manhã que nunca bate na porta da “clínica” ou lá dentro a rezar na capela sei que Deus esteve presente connosco hoje e que os corações incendiados pelo seu Amor rezaram incessantemente na defesa daqueles que são os seus filhos mais indefesos. Só posso agradecer a Deus e a todos os que estiveram connosco nesta sexta-feira, dia 16 de Fevereiro de 2018. Stat crux dum volvitur orbis!”Álvaro Malta “”Clinica”Ontem ao sair da Universidade um bocado antes do almoço quis ir rezar um terço para a frente da “clinica”, quando cheguei estava o Álvaro à porta que me convidou a rezar com ele o último mistério do terço Raquel ao sol!! nunca tinha rezado tal terço e posso afirmar com toda a certeza que das oraçoes que ja tinha rezado este terço é de longe dos que mais mexeu comigo… Para quem ainda não teve oportunidade procurem reza-lo é um livrinho pequeno que esta nos bancos dentro da capela..À tarde voltei à capela por volta das 16:00 e acabei por rezar novamente mas desta com a concha, e com a Teresinha.. ja não havia sol mas rezei lá fora na mesma… nao sei bem explicar o sentimento mas foi mesmo bom ver tanta gente a rezar na clinica… muito obrigado a todos e em especial ao Álvaro por me ter apresentado o terço Raquel!!”Francisco Padrela

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15 de Fevereiro de 2018

Segundo de 40 dias de oração pela vida Hoje tivemos cerca de 20 pessoas a rezar. Fica um testemunho de uma das pessoas que esteve connosco: “Inscrevi-me nos ’40 dias’ e fui hoje pela primeira vez. Rezámos, com um grupo de senhoras, o terço pela vida e a seguir o terço da misericórdia por todos os dramas que do outro lado da rua acontecem. À saída deparei-me com um grupo de rapazes e raparigas sentados no degrau da porta, a rezar! Voltei para casa muito comovida e agradecendo a Deus a Sua presença tão sentida naquela capinha pequenina em frente da Clínica dos Arcos.”

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14 de Fevereiro de 2018

Primeiro de 40 dias de oração pela vida Começou mais uma campanha dos 40 dias pela vida em Portugal e em muitos outros países. De manhã estiveram cerca de 15 pessoas a assistir à Santa Missa na casa das Mãos Erguidas. À tarde estiveram 14 crianças com as suas mães a rezar o terço em frente à clínica. Infelizmente nenhuma das mulheres abordadas desistiu de abortar, mas nas Mãos Erguidas tiveram notícia na última semana de vários bebés que ao contrário do que se pensava nasceram e outros que as suas mães afinal decidiram levar a gravidez avante.

Diário de 2017

22 e 23 de Outubro de 2017

Deixamos mais um testemunho “Hoje estive entre as 11h e as 13h (a primeira hora estive com uma amiga). Fomos rezando o terço, cá fora, de frente para a “clínica”. Estava imenso movimento, entre mães a sair e outras a chegar… mas a tristeza que as invade era visível à distância. Tiraram-nos fotografias e apontaram-nos algumas vezes, mas confesso que não me incomodou, percebo que para quem está tão longe da verdade deve achar que quem vai ali rezar deve ser um extraterrestre… Neste dia pouco depois das 8h um Mercedes com chofer deixou uns pais e uma filha à porta da “clínica” (contou-me quem esteve nessa altura a rezar), próximo das 13h essa filha saiu… tinha os pais e duas “tias” a esperá-la, chegou destroçada, lavada em lágrimas e abraçou o pai… não parecia ter mais de 20 anos. Esta é uma de muitas histórias tristes que acontecem diariamente. Não podemos parar de rezar!!”

Diário de 2017

16 e 17 de Outubro de 2017

Todos os dias entram diariamente dezenas de mulheres na clínica dos Arcos, quem puder aproximar-se ou pedir que outros se aproximem uma horinha para rezar por estas mulheres em sofrimento e os seus bebés não deixe de o fazer por favor. Deixamos mais um testemunho que pode ser uma inspiração para muitos de nós “Ainda me lembro do dia em que descobri o que era o aborto. Tinha 9 ou 10 anos e a minha professora resolveu explicar à turma a gravidade do assunto que se estava a debater naquela altura por todo o país. Nunca mais me esqueço das imagens que vi naquele panfleto que me deram para as mãos… Primeiro da sensação de assombro que senti ao descobrir esta realidade tão dura, e depois da profunda tristeza em que fiquei nos dias seguintes. Lembro-me da minha mãe ficar em choque por eu vir para casa a chorar e a contar o que tinha visto nas aulas, e de ter achado uma brutalidade mostrarem-se fotografias tão terríficas a miúdas tão pequeninas. Talvez tenha sido, mas a verdade é que foi eficaz. O aborto é uma realidade brutal, que tem de ser apresentada tal e qual como ela é, sem eufemismos, porque senão está-se a falar de uma mentira (é isto que fazem connosco quando usam termos como “embrião” ou “feto” em vez de “bebé”, ou “interrupção voluntária da gravidez” em vez de “aborto” ou “homicídio”; é isto que muitos “médicos” fazem com as mães que procuram o aborto como solução, quando não lhes mostram as imagens das ecografias e manipulam o seu discernimento com estas palavras mais suaves). Acho que foi através deste choque inicial com que me confrontei quando descobri a realidade do aborto, que comecei a formar a minha consciência para o que era, de facto, a vida humana e para o quão frágil esta é, e, portanto, da urgência que é rezar por ela e por todos aqueles que atentam contra ela. Desde que conheço a Campanha dos 40 dias pela Vida que tento ir, sempre que posso, rezar à Casa das Mãos Erguidas. Rezo ora na Capela, quando esta está aberta, ora na rua, ao pé de Nossa Senhora, quando está fechada. Gosto muito de rezar na Capela, junto de Nosso Senhor, onde me sinto mais protegida e confortável, mas outras vezes gosto de ir lá para fora, para poder dar um rosto às pessoas por quem estou a rezar. Apesar de já lá ter ido muitas vezes, nunca me atrevi a ir falar com nenhuma das mães que passam por mim. Não sei se por cobardia ou por achar que a minha missão não é essa. Não me sinto preparada e, por isso, rezo em silêncio por todas aquelas pessoas que entram e saem da “clínica”. Confio que a minha oração as vai ajudar, apesar de eu não conseguir chegar até elas directamente. Apesar disso, de todas as horas que já passei à frente daquele sítio, nunca tive o privilégio de assistir ao milagre de uma mãe mudar de ideias. Na minha visão limitada das coisas, às vezes penso no quão frustrante é não ver os frutos de todas as horas em que ali estou, naquele local, que me traz muitas tristezas. Durante este tempo só vejo mulheres a entrarem e a saírem depois de abortar… sem nenhuma dar meia volta e mudar de ideias. Há vezes em que perco mesmo a vontade de lá ir, porque sei que vou sair de lá triste. Outras vezes, tento convencer pessoas a virem comigo, e acabo por ouvir, na maior parte das vezes, respostas negativas, ou pessoas a desvalorizar totalmente este esforço que me faz lá ir. Isto, aos poucos e poucos, vai sendo um motivo de desmotivação cada vez maior, e este entusiasmo inicial totalmente idealizado de que «posso acabar com o aborto em Portugal» vai desaparecendo. Mas depois existem dias em que recebemos a notícia maravilhosa de que uma mãe desistiu de abortar e que um bebé foi salvo, ali no sítio onde estivemos a rezar! Ou quando de repente se recebe um e-mail a dizer que, em 20 dias de Campanha, já se conseguiram salvar, pelo menos, 188 bebés em todo o mundo! Que enorme alegria!! Apesar de nunca ter tido a Graça de estar presente em momentos tão felizes como aqueles em que as mães decidem dizer sim à Vida e lutar pelos seus bebés, confio profundamente que a minha oração e a de todas as pessoas que rezam naquele local contribuiu para a salvação de todos estes bebés, e de tantos outros, que nem nunca saberemos que foram salvos. E, assim, volto a recompor-me e a lembrar-me que todas aquelas horas em frente à “clínica” e toda aquela preocupação em chamar pessoas para irem rezar, valem toda a pena do mundo! Não é uma missão fácil nem um trabalho sempre gratificante. Muitas vezes é ingrato e frustrante. É importante que nos lembremos disto e não desmotivemos à primeira. Tudo o que vale a pena custa. Façamos um esforço para lá voltar uma e outra vez. Peçamos esta força à Nossa querida Mãe do Céu, que Ela sempre nos acompanha nas frustrações. Não percamos nunca a Esperança, a motivação de ir rezar pelo fim do aborto e pela conversão de todas as almas que por ali passam, tenhamos sempre a certeza de que o Senhor nos ouve e que, se formos perseverantes nas tribulações, os nossos pedidos serão atendidos. “A oração justamente alcança a sua eficácia máxima em impetrar o auxílio do Céu, quando é elevada publicamente, com perseverança e concórdia, por muitos fiéis que formem um só coro de suplicantes”. Papa Leão XIII”

Diário de 2017

13 de Outubro de 2017

Deixamos mais um testemunho de um voluntário “Estive na sexta-feira frente à Clínica dos Arcos. Cheguei às 13h, fui buscar um livro sobre o rosário à casa das Mãos Erguidas e fui rezar para a berma da estrada frente à clínica. Nessa hora seguinte, entraram e saíram cerca de 10 pessoas, que parece pouca atividade, mas há que considerar que era a hora de almoço de uma sexta-feira. Apenas uma das senhoras que entrou estava acompanhada por um homem. Duas situações foram as que mais confusão me fizeram. A primeira apanhou-me completamente de surpresa. Uma rapariga passou à frente da clínica, mas continuou a andar pelo que achei que só estava a passar pela rua. Um minuto depois ela passou para o outro lado. Finalmente, após uns minutos, vi-a a sair muito rapidamente da Clínica dos Arcos com papéis – terá entrado rapidamente quando me viu distraído a ler as meditações do livro do rosário. O que mais impressão me fez não foi ela se ter esgueirado rapidamente lá para dentro para eu não a ver, foi a idade da rapariga. Ela deveria ter uns 16 anos no máximo, até andava com uma mochila de escola. A segunda situação também mostra vergonha da parte das pessoas, que no interior sabem que há algo de muito errado no que está a acontecer. Um homem esperava com papéis do outro lado da rua, bem à distância, a olhar para mim e a imediatamente desviar o olhar quando o encarava. No início não tinha a certeza se ele estava lá por causa da clínica. Ainda terá ficado um quarto de hora lá fora, até que eu fui para a capela das Mãos Erguidas. Passado um bocado, espreitei pela janela da capela e vi que o homem já tinha ido esperar para a porta da clínica. Estas situações fazem-me crer que se mais pessoas lá estivessem a rezar comigo a coisa poderia ter sido diferente. A rapariga talvez não teria ganho coragem na minha distração para entrar na clínica, talvez teria repensado as suas escolhas. O homem talvez continuasse à espera de longe, observando as pessoas a rezar em frente da clínica, talvez mudasse a posição face à gravidez da sua mulher/namorada. São de facto precisas mais pessoas, só mais uma já faz tanta diferença…”

Diário de 2017

12 de Outubro de 2017

Terça. quarta e quinta são dias de muitos abortos na “Clinica” dos Arcos. Deixamos uns testemunhos de voluntários que têm ido rezar nesta campanha e convidamos todos a inscreverem-se em mais esta campanha dos 40 dias pela vida apoiando estas mães em sofrimento com a esperança de conseguir salvar os seus bebés. “Cheguei a casa da missão mãos erguidas às 08:30 da manhã, hoje a esta hora já lá estavam algumas pessoas em oração pelo fim do aborto em Portugal. Depois de dizer olá a Jesus juntei-me aos que rezavam à porta da clínica. Apesar da minha oração poder ser tão eficaz ali como na capela, a proximidade com as mães que vão entrando ajuda-me a “por uma cara” na minha oração, já não estou a rezar por algo vago e distante, mas por aquelas mães que vão entrando e por aqueles bebés que trazem na barriga. Cada uma das pessoas que entra é diferente, algumas vêm sozinhas, outras com amigas, namorados, maridos e as mais novas até com os pais. As suas reações à nossa presença também são muito distintas, as mais “decididas” às vezes dizem “não obrigada”, às vezes são agressivas, outras vezes não olham, nem quando as chamam. Há mães que param para ouvir, até recebem os papéis que lhes são dados, sorriem para nós, agradecem e entram na mesma, só nos resta rezar que a dúvida lançada seja suficiente para as fazer hesitar e que, nesse momento de dúvida, tenham a coragem de procurar ajuda. Hoje estive à porta da clínica dos Arcos até as 10:20, nesse pouco tempo entraram 15 mulheres, destas houve duas que me marcaram mais o dia. A primeira por um motivo mais triste. Nem cheguei a falar com ela, foi uma das que entrou rápido e com um olhar determinado para nem ter tempo de se questionar. Tinha só 19 anos e juntaram-se a ela 3 amigas da mesma idade. Foi com uma delas que falei enquanto esperava cá fora. Foi por ela que soube que “já era tarde”, que esta miúda, esta mãe, já tinha entrado para a sala e estava a abortar. Rezo ainda mais por ela, porque engane-se quem pense que a história acaba na clínica de abortos. Rezo para que esta miúda possa ultrapassar as cicatrizes com que inevitavelmente fica uma mãe que perde um filho, mesmo que por sua escolha. A segunda mãe também entrou decidida, apenas a amiga que a acompanhava aceitou um papel do apoio à vida. No entanto no tempo de espera foi entrando e saindo e os mais atentos reparam que ia olhando para Nossa Senhora com o menino. Acredito que tenha sido Ela que actuou no coração desta mãe que pouco depois saiu a chorar. A amiga chamou-nos e disse “Acho que ela vai precisar da vossa ajuda”. Esta mãe escolheu a vida, e não há alegria maior que testemunhar esta escolha.”

Diário de 2017 - Páscoa

Dias 6 a 9 de Abril de 2017

Chegámos ao fim de mais uma campanha dos 40 dias pela vida. Passaram centenas de pessoas por lá a rezar pela vida destes bebés e destas mães em sofrimento. Na rua ou em frente ao Sacrário, dia trás dia durante estes 40 dias. Obrigada a todos os que participaram com a sua presença e oração, a todos os que ajudaram na organização e difusão quer de perto quer à distância. A nossa oração dará os seus frutos. Quero lembrar que a campanha acaba mas durante todo o ano continua a haver mulheres em sofrimento e bebés a serem mortos todas as semanas, uma média de 100 por semana, e 100 mães a ficarem feridas para toda a vida. Não deixem de continuar a passar pelas Mãos erguidas para rezar e para falar com as grávidas quem se sentir preparado enquanto outros rezam. Deixo mais três testemunhos dos últimos dias: Testemunho 1 “Quinta-feira resolvi de repente: vou rezar para as Mãos Erguidas. Era hora do almoço quando cheguei e fui sentar-me nos degraus. Vi os folhetos e resolvi rezar o terço. Passou um casal, fui cobardolas e não fui capaz de lhes dizer nada. Acabei o terço e pus-me a fazer oração mental. Chegam dois rapazes dos seus 16 ou 17 anos e dirigem-se a mim. Disse-lhes que estava a rezar à espera da abertura. Ficamos a rezar em voz alta. Entretanto passa outro casal e resolvi abordá-los. A rapariga estava a chorar e eu entreguei os papéis dos folhetos ao rapaz e abracei a rapariga. Falamos pouco mas vi-os olhar muito para a bela Nossa Senhora. Depois voltei e fiquei a conversar com os rapazes. Eram alunos do colégio Planalto. Não queriam acreditar que eu alguma vez na vida tivesse sido a favor do aborto como lhes contei…” Testemunho 2 “Participei todas as horas de almoço das sextas-feiras desta Quaresma. Cá fora, com chuva e frio ou um sol que queimava, ou no recolhimento do oratório, só ou acompanhada, mas sempre de coração apertado e inquieto com a situação dramática vivida ali ao lado. Rezei o terço da vinha de Raquel e outros terços de mistérios luminosos por todos e cada um. Agradeço muito esta oportunidade de rezar pela Vida. Uma Santa Páscoa para todos.” Testemunho de dia 6 de Abril de 2017, quinta-feira. Testemunho 3 “Estou a tirar o curso de Engenharia Mecânica e antes desta semana tive um teste no sábado dia 1 e já durante a semana tive na terça, dia 4, outro teste, e quarta estive o dia todo a preparar um laboratório de avaliação que seria quinta à hora de almoço. Depois de vários dias intensos de estudo, quinta de manhã, a última coisa que me apetecia era ter que me levantar para ir de bicicleta para a Clínica dos Arcos, falar com mães que vão abortar, tentar dissuadi-las, falhar, vê-las a sair a chorar e depois ir frustrado para a Universidade fazer a minha aula de laboratório para avaliação. Tenho uma grande devoção por São Miguel Arcanjo, é meu homónimo, todos os dias lhe rezo e rezo também ao meu Anjo da Guarda. Muitas vezes achamos que os Anjos servem para nos confortar e é verdade que muitas vezes o fazem, tal como fizeram a Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Sua oração no Monte das Oliveiras: “Então, vindo do Céu, apareceu-lhe um anjo que o confortava.” (Lc 22, 43). Também rezamos aos Anjos para que intervenham na nossa vida e realizem milagres, não acho que esta oração seja óptima ideia, não porque os Anjos não sejam capazes, mas porque para ser preciso a intervenção directa de um Anjo no mundo físico é preciso que haja algo de catastrófico para acontecer, é como se estivéssemos a rezar por um acidente, daquela vez que “por acaso” não morri atropelado provavelmente foi o meu Anjo da Guarda que me salvou. Os Anjos são óptimos pontapeadores (não sei esta palavra existe, o corrector do telemóvel diz que não), é verdade, são óptimos a dar pontapés, o meu passa o dia todo a dar-me pontapés no traseiro, e rezo para que continue a fazê-lo todos os dias. Como assim pontapés? Perguntam vocês. Sim, pontapés, e dos grandes! Às vezes de manhã, ajudo o Anjo da Guarda do meu irmão a levantá-lo, custa muito ao meu irmão levantar-se cedo e tem feito um grande esforço, como tal pediu-me que todas as manhãs em que me levantasse mais cedo do que ele, eu o acordasse. Coitado… Normalmente o truque é: abro a persiana do quarto de repente e deixo o sol entrar, atiro-lhe duas almofadas, bato palmas e salto para cima dele gritando: “Moche ao Duarte!” e “Bom dia, toca a acordar!”, Coitado… Mas a verdade é que funciona, ele na altura resmunga sempre, como é normal, mas quando já está vestido e pronto para sair a horas de chegar a tempo da aula da manhã agradece-me pela violência. Os Anjos não podem violar a nossa liberdade e não sabem o que pensamos, embora os nossos Anjos da Guarda nos conheçam melhor que nós a nós mesmos, por isso eles não podem mudar a nossa vontade, mas podem influenciá-la. Como? Perguntam vocês. E eu repito: ao pontapé! Na manhã desta quinta-feira estava eu a dormir e com preguiça de me levantar, quando simultaneamente com o toque do despertador recebi um valente pontapé do meu Anjo da Guarda. Que me disse: Levanta-te, arranja-te e vai rezar para a frente da Clínica dos Arcos! Disse-lhe: Não quero, tive uma semana difícil e hoje tenho um laboratório, preciso de descanso! Deu-me mais um pontapé e ao segundo foi de vez, levantei-me, desliguei o despertador e resmunguei, tal como o meu irmão faz comigo: Pronto já estou acordado, contente?! Quantas vezes perdemos esta primeira batalha do dia de nos levantarmos às horas a que nos propusemos? E quão duro e desmotivante é começar o dia logo a perder… Se ao menos estivéssemos mais atentos aos pontapés dos nosso Anjos da Guarda… Afinal Anjo

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