16 e 17 de Outubro de 2017

Todos os dias entram diariamente dezenas de mulheres na clínica dos Arcos, quem puder aproximar-se ou pedir que outros se aproximem uma horinha para rezar por estas mulheres em sofrimento e os seus bebés não deixe de o fazer por favor.

Deixamos mais um testemunho que pode ser uma inspiração para muitos de nós

“Ainda me lembro do dia em que descobri o que era o aborto. Tinha 9 ou 10 anos e a minha professora resolveu explicar à turma a gravidade do assunto que se estava a debater naquela altura por todo o país. Nunca mais me esqueço das imagens que vi naquele panfleto que me deram para as mãos… Primeiro da sensação de assombro que senti ao descobrir esta realidade tão dura, e depois da profunda tristeza em que fiquei nos dias seguintes. Lembro-me da minha mãe ficar em choque por eu vir para casa a chorar e a contar o que tinha visto nas aulas, e de ter achado uma brutalidade mostrarem-se fotografias tão terríficas a miúdas tão pequeninas. Talvez tenha sido, mas a verdade é que foi eficaz. O aborto é uma realidade brutal, que tem de ser apresentada tal e qual como ela é, sem eufemismos, porque senão está-se a falar de uma mentira (é isto que fazem connosco quando usam termos como “embrião” ou “feto” em vez de “bebé”, ou “interrupção voluntária da gravidez” em vez de “aborto” ou “homicídio”; é isto que muitos “médicos” fazem com as mães que procuram o aborto como solução, quando não lhes mostram as imagens das ecografias e manipulam o seu discernimento com estas palavras mais suaves). Acho que foi através deste choque inicial com que me confrontei quando descobri a realidade do aborto, que comecei a formar a minha consciência para o que era, de facto, a vida humana e para o quão frágil esta é, e, portanto, da urgência que é rezar por ela e por todos aqueles que atentam contra ela.

Desde que conheço a Campanha dos 40 dias pela Vida que tento ir, sempre que posso, rezar à Casa das Mãos Erguidas. Rezo ora na Capela, quando esta está aberta, ora na rua, ao pé de Nossa Senhora, quando está fechada. Gosto muito de rezar na Capela, junto de Nosso Senhor, onde me sinto mais protegida e confortável, mas outras vezes gosto de ir lá para fora, para poder dar um rosto às pessoas por quem estou a rezar.

Apesar de já lá ter ido muitas vezes, nunca me atrevi a ir falar com nenhuma das mães que passam por mim. Não sei se por cobardia ou por achar que a minha missão não é essa. Não me sinto preparada e, por isso, rezo em silêncio por todas aquelas pessoas que entram e saem da “clínica”. Confio que a minha oração as vai ajudar, apesar de eu não conseguir chegar até elas directamente.

Apesar disso, de todas as horas que já passei à frente daquele sítio, nunca tive o privilégio de assistir ao milagre de uma mãe mudar de ideias. Na minha visão limitada das coisas, às vezes penso no quão frustrante é não ver os frutos de todas as horas em que ali estou, naquele local, que me traz muitas tristezas. Durante este tempo só vejo mulheres a entrarem e a saírem depois de abortar… sem nenhuma dar meia volta e mudar de ideias. Há vezes em que perco mesmo a vontade de lá ir, porque sei que vou sair de lá triste. Outras vezes, tento convencer pessoas a virem comigo, e acabo por ouvir, na maior parte das vezes, respostas negativas, ou pessoas a desvalorizar totalmente este esforço que me faz lá ir. Isto, aos poucos e poucos, vai sendo um motivo de desmotivação cada vez maior, e este entusiasmo inicial totalmente idealizado de que «posso acabar com o aborto em Portugal» vai desaparecendo.

Mas depois existem dias em que recebemos a notícia maravilhosa de que uma mãe desistiu de abortar e que um bebé foi salvo, ali no sítio onde estivemos a rezar! Ou quando de repente se recebe um e-mail a dizer que, em 20 dias de Campanha, já se conseguiram salvar, pelo menos, 188 bebés em todo o mundo! Que enorme alegria!! Apesar de nunca ter tido a Graça de estar presente em momentos tão felizes como aqueles em que as mães decidem dizer sim à Vida e lutar pelos seus bebés, confio profundamente que a minha oração e a de todas as pessoas que rezam naquele local contribuiu para a salvação de todos estes bebés, e de tantos outros, que nem nunca saberemos que foram salvos.

E, assim, volto a recompor-me e a lembrar-me que todas aquelas horas em frente à “clínica” e toda aquela preocupação em chamar pessoas para irem rezar, valem toda a pena do mundo! Não é uma missão fácil nem um trabalho sempre gratificante. Muitas vezes é ingrato e frustrante. É importante que nos lembremos disto e não desmotivemos à primeira. Tudo o que vale a pena custa. Façamos um esforço para lá voltar uma e outra vez. Peçamos esta força à Nossa querida Mãe do Céu, que Ela sempre nos acompanha nas frustrações. Não percamos nunca a Esperança, a motivação de ir rezar pelo fim do aborto e pela conversão de todas as almas que por ali passam, tenhamos sempre a certeza de que o Senhor nos ouve e que, se formos perseverantes nas tribulações, os nossos pedidos serão atendidos.

“A oração justamente alcança a sua eficácia máxima em impetrar o auxílio do Céu, quando é elevada publicamente, com perseverança e concórdia, por muitos fiéis que formem um só coro de suplicantes”. Papa Leão XIII”

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