Chegámos ao fim de mais uma campanha dos 40 dias pela vida.
Passaram centenas de pessoas por lá a rezar pela vida destes bebés e destas mães em sofrimento. Na rua ou em frente ao Sacrário, dia trás dia durante estes 40 dias. Obrigada a todos os que participaram com a sua presença e oração, a todos os que ajudaram na organização e difusão quer de perto quer à distância. A nossa oração dará os seus frutos.
Quero lembrar que a campanha acaba mas durante todo o ano continua a haver mulheres em sofrimento e bebés a serem mortos todas as semanas, uma média de 100 por semana, e 100 mães a ficarem feridas para toda a vida. Não deixem de continuar a passar pelas Mãos erguidas para rezar e para falar com as grávidas quem se sentir preparado enquanto outros rezam.
Deixo mais três testemunhos dos últimos dias:
Testemunho 1
“Quinta-feira resolvi de repente: vou rezar para as Mãos Erguidas. Era hora do almoço quando cheguei e fui sentar-me nos degraus. Vi os folhetos e resolvi rezar o terço. Passou um casal, fui cobardolas e não fui capaz de lhes dizer nada. Acabei o terço e pus-me a fazer oração mental. Chegam dois rapazes dos seus 16 ou 17 anos e dirigem-se a mim. Disse-lhes que estava a rezar à espera da abertura. Ficamos a rezar em voz alta. Entretanto passa outro casal e resolvi abordá-los. A rapariga estava a chorar e eu entreguei os papéis dos folhetos ao rapaz e abracei a rapariga. Falamos pouco mas vi-os olhar muito para a bela Nossa Senhora. Depois voltei e fiquei a conversar com os rapazes. Eram alunos do colégio Planalto. Não queriam acreditar que eu alguma vez na vida tivesse sido a favor do aborto como lhes contei…”
Testemunho 2
“Participei todas as horas de almoço das sextas-feiras desta Quaresma. Cá fora, com chuva e frio ou um sol que queimava, ou no recolhimento do oratório, só ou acompanhada, mas sempre de coração apertado e inquieto com a situação dramática vivida ali ao lado. Rezei o terço da vinha de Raquel e outros terços de mistérios luminosos por todos e cada um. Agradeço muito esta oportunidade de rezar pela Vida. Uma Santa Páscoa para todos.”
Testemunho de dia 6 de Abril de 2017, quinta-feira.
Testemunho 3
“Estou a tirar o curso de Engenharia Mecânica e antes desta semana tive um teste no sábado dia 1 e já durante a semana tive na terça, dia 4, outro teste, e quarta estive o dia todo a preparar um laboratório de avaliação que seria quinta à hora de almoço.
Depois de vários dias intensos de estudo, quinta de manhã, a última coisa que me apetecia era ter que me levantar para ir de bicicleta para a Clínica dos Arcos, falar com mães que vão abortar, tentar dissuadi-las, falhar, vê-las a sair a chorar e depois ir frustrado para a Universidade fazer a minha aula de laboratório para avaliação.
Tenho uma grande devoção por São Miguel Arcanjo, é meu homónimo, todos os dias lhe rezo e rezo também ao meu Anjo da Guarda. Muitas vezes achamos que os Anjos servem para nos confortar e é verdade que muitas vezes o fazem, tal como fizeram a Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Sua oração no Monte das Oliveiras: “Então, vindo do Céu, apareceu-lhe um anjo que o confortava.” (Lc 22, 43). Também rezamos aos Anjos para que intervenham na nossa vida e realizem milagres, não acho que esta oração seja óptima ideia, não porque os Anjos não sejam capazes, mas porque para ser preciso a intervenção directa de um Anjo no mundo físico é preciso que haja algo de catastrófico para acontecer, é como se estivéssemos a rezar por um acidente, daquela vez que “por acaso” não morri atropelado provavelmente foi o meu Anjo da Guarda que me salvou. Os Anjos são óptimos pontapeadores (não sei esta palavra existe, o corrector do telemóvel diz que não), é verdade, são óptimos a dar pontapés, o meu passa o dia todo a dar-me pontapés no traseiro, e rezo para que continue a fazê-lo todos os dias.
Como assim pontapés? Perguntam vocês. Sim, pontapés, e dos grandes!
Às vezes de manhã, ajudo o Anjo da Guarda do meu irmão a levantá-lo, custa muito ao meu irmão levantar-se cedo e tem feito um grande esforço, como tal pediu-me que todas as manhãs em que me levantasse mais cedo do que ele, eu o acordasse. Coitado… Normalmente o truque é: abro a persiana do quarto de repente e deixo o sol entrar, atiro-lhe duas almofadas, bato palmas e salto para cima dele gritando: “Moche ao Duarte!” e “Bom dia, toca a acordar!”, Coitado… Mas a verdade é que funciona, ele na altura resmunga sempre, como é normal, mas quando já está vestido e pronto para sair a horas de chegar a tempo da aula da manhã agradece-me pela violência.
Os Anjos não podem violar a nossa liberdade e não sabem o que pensamos, embora os nossos Anjos da Guarda nos conheçam melhor que nós a nós mesmos, por isso eles não podem mudar a nossa vontade, mas podem influenciá-la. Como? Perguntam vocês. E eu repito: ao pontapé!
Na manhã desta quinta-feira estava eu a dormir e com preguiça de me levantar, quando simultaneamente com o toque do despertador recebi um valente pontapé do meu Anjo da Guarda. Que me disse: Levanta-te, arranja-te e vai rezar para a frente da Clínica dos Arcos! Disse-lhe: Não quero, tive uma semana difícil e hoje tenho um laboratório, preciso de descanso!
Deu-me mais um pontapé e ao segundo foi de vez, levantei-me, desliguei o despertador e resmunguei, tal como o meu irmão faz comigo: Pronto já estou acordado, contente?!
Quantas vezes perdemos esta primeira batalha do dia de nos levantarmos às horas a que nos propusemos? E quão duro e desmotivante é começar o dia logo a perder… Se ao menos estivéssemos mais atentos aos pontapés dos nosso Anjos da Guarda…
Afinal Anjo significa mensageiro, nada melhor que acordar e começar o dia com uma mensagem vinda do Céu, escrita por Deus Pai: Levanta-te meu filho! Como Jesus disse a Lázaro e o ressuscitou, cada dia é uma nova oportunidade para recomeçar a nossa caminhada de conversão sincera à verdade que é Cristo.
Recebida a mensagem, tendo-me arranjado, tomado e pequeno-almoço e posto a caminho montado na minha bicicleta, realizei que estava um bonito dia, parecia verão e o céu estava completamente azul. Cheguei à casa das Mãos Erguidas, disse os bons dias à Carla e a Jesus no Sacrário. Peguei no terço e em panfletos e fui lá para fora rezar em frente à clínica e falar com todos os que entravam e saiam de lá. Durante a 1H que lá estive entraram 16 mulheres para abortar e saíram várias.
Já era hora de ir embora para a minha aula de laboratório quando saiu da clínica uma rapariga muito nova, teria uns 20 anos, depois de falar um bocadinho com ela, começou a chorar, disse-me que tinha saído a meio da consulta, que estava a pensar em abortar mas que não aguentou a ideia de matar o filho e correu para fora da clínica. Continuava a chorar, tentei, como os Anjos, confortá-la o melhor que pude e dei-lhe o número do ponto de apoio à vida: 800 20 80 90. Explicou-me que o pai do filho que tinha na barriga não queria saber nem dela nem do filho. Tinha de ir trabalhar e por isso teve de ir embora, foi para o carro e desceu a rua a chorar. Rezei para que o Anjo da Guarda dela a confortasse e a protegesse, também rezei ao Anjo da Guarda do filho dela. Confiei-os a Nossa Senhora, sei que do que depende de Deus fará tudo para preservar aquela vida embrionária, afinal tinha-me acordado só para que aquela mãe tivesse um pequeno consolo ao sair da clínica.
Quantas vezes resistimos aos conselhos de Deus que nos chegam através dos nossos Anjos, dos nossos irmãos, dos nossos amigos. Uma consciência bem formada faz com que sejamos mais sensíveis aos pontapés dos Anjos.
Enquanto pedalava para a Universidade pensava sobre o seguinte: De facto não saí da casa das Mãos Erguidas nada frustrado, pelo contrário, senti-me útil e alegre por ter respondido ao pedido de Deus. Quanto me custou levantar, pensava eu. Acabo de constatar, mais uma vez, que quando nos dispomos a cumprir a vontade de Deus, vale sempre a pena sair da cama apressadamente e com alegria. No entanto, aposto que amanhã me vai custar imenso outra vez a levantar e vou, como às vezes acontece, ceder à preguiça e levantar-me tarde. O Einstein dizia que para ele a definição de estupidez era “Fazer repetidamente a mesma coisa esperando resultados diferentes.”. Sinto-me estúpido sempre que me custa levantar mas sei que vencer os vícios e progredir na virtude não é fácil, especialmente com tantas distracções e facilidades de que dispomos. Mas sei, que por trás de cada soldado de Deus está um a legião de Anjos a batalhar connosco. E quão gloriosa é vitória quando é alcançada para Deus com o auxílio da Sua querida Mãe Maria Santíssima.
A aula de laboratório correu bastante bem, era fazer um pequeno carro-robô andar sozinho, o do meu grupo de trabalho andou tão bem que até pareceu que alguém ia a conduzi-lo, terá sido um Anjo? Acho que não, pois Deus não quer que esperemos por um milagre quando podemos nós, por meios humanos, fazer bem as coisas. É muito importante que todos lutemos pelo fim do aborto em Portugal, devemos rezar todos os dias pelo fim deste flagelo e tanto quanto nos é humanamente possível trabalhar pelo seu fim.
Queria agradecer a todos os que tornaram possível a Campanha dos 40 Dias pela Vida, a todos os que participaram e a todos aqueles que não pudendo participar rezam pelo fim do aborto.
Jesus não morreu na Cruz em vão, está na hora de morrermos para os nossos caprichos e nos juntarmos a Cristo na Cruz, na batalha contra o mal, batalha na qual já sabemos o Bem é vitorioso! Mas esta cruz que devemos tomar sobre os nossos ombros não deve ser arrastada mas sim erguida, levada com a alegria de quem se sabe filho de Deus e que ainda que tenhamos várias consolações terrenas como um dia bonito ou um ombro para chorar, esperamos a consolação eterna que só se alcança no Céu que é um dom de Deus, obtido para nós por Cristo na Cruz!”
Uma Santa Páscoa a todos
Com amizade
40 dias pela vida