Diário de 2017

Diário de 2017

22 e 23 de Outubro de 2017

Deixamos mais um testemunho “Hoje estive entre as 11h e as 13h (a primeira hora estive com uma amiga). Fomos rezando o terço, cá fora, de frente para a “clínica”. Estava imenso movimento, entre mães a sair e outras a chegar… mas a tristeza que as invade era visível à distância. Tiraram-nos fotografias e apontaram-nos algumas vezes, mas confesso que não me incomodou, percebo que para quem está tão longe da verdade deve achar que quem vai ali rezar deve ser um extraterrestre… Neste dia pouco depois das 8h um Mercedes com chofer deixou uns pais e uma filha à porta da “clínica” (contou-me quem esteve nessa altura a rezar), próximo das 13h essa filha saiu… tinha os pais e duas “tias” a esperá-la, chegou destroçada, lavada em lágrimas e abraçou o pai… não parecia ter mais de 20 anos. Esta é uma de muitas histórias tristes que acontecem diariamente. Não podemos parar de rezar!!”

Diário de 2017

16 e 17 de Outubro de 2017

Todos os dias entram diariamente dezenas de mulheres na clínica dos Arcos, quem puder aproximar-se ou pedir que outros se aproximem uma horinha para rezar por estas mulheres em sofrimento e os seus bebés não deixe de o fazer por favor. Deixamos mais um testemunho que pode ser uma inspiração para muitos de nós “Ainda me lembro do dia em que descobri o que era o aborto. Tinha 9 ou 10 anos e a minha professora resolveu explicar à turma a gravidade do assunto que se estava a debater naquela altura por todo o país. Nunca mais me esqueço das imagens que vi naquele panfleto que me deram para as mãos… Primeiro da sensação de assombro que senti ao descobrir esta realidade tão dura, e depois da profunda tristeza em que fiquei nos dias seguintes. Lembro-me da minha mãe ficar em choque por eu vir para casa a chorar e a contar o que tinha visto nas aulas, e de ter achado uma brutalidade mostrarem-se fotografias tão terríficas a miúdas tão pequeninas. Talvez tenha sido, mas a verdade é que foi eficaz. O aborto é uma realidade brutal, que tem de ser apresentada tal e qual como ela é, sem eufemismos, porque senão está-se a falar de uma mentira (é isto que fazem connosco quando usam termos como “embrião” ou “feto” em vez de “bebé”, ou “interrupção voluntária da gravidez” em vez de “aborto” ou “homicídio”; é isto que muitos “médicos” fazem com as mães que procuram o aborto como solução, quando não lhes mostram as imagens das ecografias e manipulam o seu discernimento com estas palavras mais suaves). Acho que foi através deste choque inicial com que me confrontei quando descobri a realidade do aborto, que comecei a formar a minha consciência para o que era, de facto, a vida humana e para o quão frágil esta é, e, portanto, da urgência que é rezar por ela e por todos aqueles que atentam contra ela. Desde que conheço a Campanha dos 40 dias pela Vida que tento ir, sempre que posso, rezar à Casa das Mãos Erguidas. Rezo ora na Capela, quando esta está aberta, ora na rua, ao pé de Nossa Senhora, quando está fechada. Gosto muito de rezar na Capela, junto de Nosso Senhor, onde me sinto mais protegida e confortável, mas outras vezes gosto de ir lá para fora, para poder dar um rosto às pessoas por quem estou a rezar. Apesar de já lá ter ido muitas vezes, nunca me atrevi a ir falar com nenhuma das mães que passam por mim. Não sei se por cobardia ou por achar que a minha missão não é essa. Não me sinto preparada e, por isso, rezo em silêncio por todas aquelas pessoas que entram e saem da “clínica”. Confio que a minha oração as vai ajudar, apesar de eu não conseguir chegar até elas directamente. Apesar disso, de todas as horas que já passei à frente daquele sítio, nunca tive o privilégio de assistir ao milagre de uma mãe mudar de ideias. Na minha visão limitada das coisas, às vezes penso no quão frustrante é não ver os frutos de todas as horas em que ali estou, naquele local, que me traz muitas tristezas. Durante este tempo só vejo mulheres a entrarem e a saírem depois de abortar… sem nenhuma dar meia volta e mudar de ideias. Há vezes em que perco mesmo a vontade de lá ir, porque sei que vou sair de lá triste. Outras vezes, tento convencer pessoas a virem comigo, e acabo por ouvir, na maior parte das vezes, respostas negativas, ou pessoas a desvalorizar totalmente este esforço que me faz lá ir. Isto, aos poucos e poucos, vai sendo um motivo de desmotivação cada vez maior, e este entusiasmo inicial totalmente idealizado de que «posso acabar com o aborto em Portugal» vai desaparecendo. Mas depois existem dias em que recebemos a notícia maravilhosa de que uma mãe desistiu de abortar e que um bebé foi salvo, ali no sítio onde estivemos a rezar! Ou quando de repente se recebe um e-mail a dizer que, em 20 dias de Campanha, já se conseguiram salvar, pelo menos, 188 bebés em todo o mundo! Que enorme alegria!! Apesar de nunca ter tido a Graça de estar presente em momentos tão felizes como aqueles em que as mães decidem dizer sim à Vida e lutar pelos seus bebés, confio profundamente que a minha oração e a de todas as pessoas que rezam naquele local contribuiu para a salvação de todos estes bebés, e de tantos outros, que nem nunca saberemos que foram salvos. E, assim, volto a recompor-me e a lembrar-me que todas aquelas horas em frente à “clínica” e toda aquela preocupação em chamar pessoas para irem rezar, valem toda a pena do mundo! Não é uma missão fácil nem um trabalho sempre gratificante. Muitas vezes é ingrato e frustrante. É importante que nos lembremos disto e não desmotivemos à primeira. Tudo o que vale a pena custa. Façamos um esforço para lá voltar uma e outra vez. Peçamos esta força à Nossa querida Mãe do Céu, que Ela sempre nos acompanha nas frustrações. Não percamos nunca a Esperança, a motivação de ir rezar pelo fim do aborto e pela conversão de todas as almas que por ali passam, tenhamos sempre a certeza de que o Senhor nos ouve e que, se formos perseverantes nas tribulações, os nossos pedidos serão atendidos. “A oração justamente alcança a sua eficácia máxima em impetrar o auxílio do Céu, quando é elevada publicamente, com perseverança e concórdia, por muitos fiéis que formem um só coro de suplicantes”. Papa Leão XIII”

Diário de 2017

13 de Outubro de 2017

Deixamos mais um testemunho de um voluntário “Estive na sexta-feira frente à Clínica dos Arcos. Cheguei às 13h, fui buscar um livro sobre o rosário à casa das Mãos Erguidas e fui rezar para a berma da estrada frente à clínica. Nessa hora seguinte, entraram e saíram cerca de 10 pessoas, que parece pouca atividade, mas há que considerar que era a hora de almoço de uma sexta-feira. Apenas uma das senhoras que entrou estava acompanhada por um homem. Duas situações foram as que mais confusão me fizeram. A primeira apanhou-me completamente de surpresa. Uma rapariga passou à frente da clínica, mas continuou a andar pelo que achei que só estava a passar pela rua. Um minuto depois ela passou para o outro lado. Finalmente, após uns minutos, vi-a a sair muito rapidamente da Clínica dos Arcos com papéis – terá entrado rapidamente quando me viu distraído a ler as meditações do livro do rosário. O que mais impressão me fez não foi ela se ter esgueirado rapidamente lá para dentro para eu não a ver, foi a idade da rapariga. Ela deveria ter uns 16 anos no máximo, até andava com uma mochila de escola. A segunda situação também mostra vergonha da parte das pessoas, que no interior sabem que há algo de muito errado no que está a acontecer. Um homem esperava com papéis do outro lado da rua, bem à distância, a olhar para mim e a imediatamente desviar o olhar quando o encarava. No início não tinha a certeza se ele estava lá por causa da clínica. Ainda terá ficado um quarto de hora lá fora, até que eu fui para a capela das Mãos Erguidas. Passado um bocado, espreitei pela janela da capela e vi que o homem já tinha ido esperar para a porta da clínica. Estas situações fazem-me crer que se mais pessoas lá estivessem a rezar comigo a coisa poderia ter sido diferente. A rapariga talvez não teria ganho coragem na minha distração para entrar na clínica, talvez teria repensado as suas escolhas. O homem talvez continuasse à espera de longe, observando as pessoas a rezar em frente da clínica, talvez mudasse a posição face à gravidez da sua mulher/namorada. São de facto precisas mais pessoas, só mais uma já faz tanta diferença…”

Diário de 2017

12 de Outubro de 2017

Terça. quarta e quinta são dias de muitos abortos na “Clinica” dos Arcos. Deixamos uns testemunhos de voluntários que têm ido rezar nesta campanha e convidamos todos a inscreverem-se em mais esta campanha dos 40 dias pela vida apoiando estas mães em sofrimento com a esperança de conseguir salvar os seus bebés. “Cheguei a casa da missão mãos erguidas às 08:30 da manhã, hoje a esta hora já lá estavam algumas pessoas em oração pelo fim do aborto em Portugal. Depois de dizer olá a Jesus juntei-me aos que rezavam à porta da clínica. Apesar da minha oração poder ser tão eficaz ali como na capela, a proximidade com as mães que vão entrando ajuda-me a “por uma cara” na minha oração, já não estou a rezar por algo vago e distante, mas por aquelas mães que vão entrando e por aqueles bebés que trazem na barriga. Cada uma das pessoas que entra é diferente, algumas vêm sozinhas, outras com amigas, namorados, maridos e as mais novas até com os pais. As suas reações à nossa presença também são muito distintas, as mais “decididas” às vezes dizem “não obrigada”, às vezes são agressivas, outras vezes não olham, nem quando as chamam. Há mães que param para ouvir, até recebem os papéis que lhes são dados, sorriem para nós, agradecem e entram na mesma, só nos resta rezar que a dúvida lançada seja suficiente para as fazer hesitar e que, nesse momento de dúvida, tenham a coragem de procurar ajuda. Hoje estive à porta da clínica dos Arcos até as 10:20, nesse pouco tempo entraram 15 mulheres, destas houve duas que me marcaram mais o dia. A primeira por um motivo mais triste. Nem cheguei a falar com ela, foi uma das que entrou rápido e com um olhar determinado para nem ter tempo de se questionar. Tinha só 19 anos e juntaram-se a ela 3 amigas da mesma idade. Foi com uma delas que falei enquanto esperava cá fora. Foi por ela que soube que “já era tarde”, que esta miúda, esta mãe, já tinha entrado para a sala e estava a abortar. Rezo ainda mais por ela, porque engane-se quem pense que a história acaba na clínica de abortos. Rezo para que esta miúda possa ultrapassar as cicatrizes com que inevitavelmente fica uma mãe que perde um filho, mesmo que por sua escolha. A segunda mãe também entrou decidida, apenas a amiga que a acompanhava aceitou um papel do apoio à vida. No entanto no tempo de espera foi entrando e saindo e os mais atentos reparam que ia olhando para Nossa Senhora com o menino. Acredito que tenha sido Ela que actuou no coração desta mãe que pouco depois saiu a chorar. A amiga chamou-nos e disse “Acho que ela vai precisar da vossa ajuda”. Esta mãe escolheu a vida, e não há alegria maior que testemunhar esta escolha.”

Scroll to Top