Hoje estiveram 25 pessoas a rezar, vieram alunos do colégio Planalto e jovens do grupo de jovens da paroquia de Telheiras.
Ontem o grupo da Missão País que preencheu o dia todo deixou-nos o seguinte testemunho
Testemunho dia 28.03.2017
“Decidimos fazer um dia de missões neste enorme projeto que é o “40 Dias Pela Vida”, achámos que seria bom para nós e que não haveria causa maior do que a defesa da vida, mas não estávamos à espera do que lá iríamos ver e experienciar.
A primeira coisa que fizemos, logo pela manhã, foi companhia a Nosso Senhor Sacramentado para lhe entregar o dia e todos os bebés que à nossa frente iriam ser mortos ou, pela Sua graça, salvos. Mas nunca pensámos que salvá-los fosse tão difícil. Abordámos muita gente e fomos muitas vezes atacados, chamaram-nos terroristas, loucos e fundamentalistas, fomos acusados de ser “pessoas sem noção da vida” e isto abateu-nos… como é que é possível que aquelas pessoas que matam os próprios filhos ou ajudam a matar os dos outros nos venham chamar terroristas a nós? Muitas foram as vezes em que nem se quer uma crítica ouvimos, e fomos pura e simplesmente ignorados, porque nem estavam dispostos a ouvir o que lhes tínhamos para dizer e em vez disso viravam-nos costas.
Mas acabámos por perceber que aquilo de que estávamos à espera- mulheres despreocupadas com o assassínio de um bebe- não era bem assim.
A maior parte das mães com quem falámos estavam em sofrimento e desespero por estarem a fazer uma agressão contra a vida. Muitas não conseguiam admitir que eram as próprias que iriam entrar naquele bloco operatório, outras tentavam defender-se com os clássicos argumentos de “ainda ser um feto” ou “só começamos a amar um filho quando o sentimos na nossa barriga”, mas a verdade é que todas estavam sentadas naquelas escadas à porta da Clínica dos Arcos agarradas à barriga e à procura da mais pequena forma de consolação da parte das amigas ou do pai do filho que iria desaparecer.
Não consigo bem explicar o que sentia enquanto olhava para a porta daquele sítio sinistro. Mais parecia um intervalo escolar em que os alunos saem para ir fumar um cigarro, mas era um cigarro marcado pela dor, terror, medo e desespero em relação àquilo que estava prestes a acontecer, nós às tantas ficávamos sem palavras- calados sem saber mais o que fazer. Todas aquelas raparigas com quem falámos, miúdas da nossa idade, estavam a fazer algo que lhes custava muito mas “que tinha de ser feito” porque “mais vale não ter o bebe do que tê-lo sem lhe poder dar condições de vida razoáveis”, queria gritar e explicar-lhes que havia outras opções, que a vida não é pior só porque naquele momento não têm muito dinheiro, que há pessoas que as podem ajudar a lutar e a ter uma vida boa e digna com os filhos, mas não podia, não conseguia… Elas não queriam continuar a ouvir estas coisas, não queriam os panfletos, não queriam ver as imagens, tudo o que elas queriam era que nós nos calássemos para que não tivessem de ter mais consciência daquilo que iriam fazer. Pareciam-me mais felizes por estarem a viver na ignorância… Foi muito duro.
Quando já estávamos exaustos e sem saber mais o que fazer decidimos sentar-nos em frente à Nossa Senhora que está à porta, vigiando todos os seus filhos pequeninos, e rezar o terço. Foi um momento de grande união com Nosso Senhor, foi uma oração muito bonita. Éramos mais ou menos 10 e sentámos-nos no chão, de frente para as mulheres com quem tínhamos estado a falar e rezámos, rezámos por elas, pelos filhos delas, por nós, pelos políticos do nosso país e por todos aqueles que têm nas mãos uma decisão de tamanha importância- a vida de uma pessoa. Meditámos sobre os mistérios dolorosos e sentimos a grande dor daquelas mães, dos seus bebes e de Nosso Senhor ao ver aquela monstruosidade.
No fim do dia, todos percebemos que tínhamos que lá voltar, que a nossa missão neste mundo passa por tentar salvar uma vida que seja e que o poder da oração é mais forte do que alguém possa imaginar. Fez-nos muita confusão e todos saímos de lá abalados, mas foi um ótimo “wake up call” para as atrocidades que andam a acontecer no mundo e foi uma grande motivação para nunca nos esquecermos de rezar pelas vidas que ali se perdem e pelas mães que dali saem feridas para o resto da vida.”
Missão País CLSBE II